24 de dezembro de 2012

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Fonte de Santo António - Sorgaçosa

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O ZELADOR DA FONTE


Conta uma lenda austríaca que em determinado povoado havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo conselho municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade.

O cavalheiro, com silenciosa regularidade, inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca. Ninguém lhe observava as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos.

Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina. Rodas de água de várias empresas da região começaram a girar dia e noite. As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária.

Os anos foram passando. Um dia, o conselho da cidade reuniu-se, como fazia semestralmente. Um dos membros do conselho resolveu inspecionar o orçamento e colocou os olhos no salário pago ao zelador da fonte. De imediato, alertou os demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade. E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma. Seu discurso a todos convenceu. O conselho municipal dispensou o trabalho do zelador.

Nas semanas seguintes, nada de novo. Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas. Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes.

Uma tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte. Dois dias depois, a água estava escura. Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens. O mau cheiro começou a ser exalado. Os cisnes emigraram para outras bandas. As rodas d´água começaram a girar lentamente, depois pararam. Os turistas abandonaram o local. A enfermidade chegou ao povoado.
O conselho municipal tornou a reunir-se, em sessão extraordinária e reconheceu o erro grosseiro cometido. Imediatamente, tratou novamente de contratar o zelador da fonte. Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear. As rodas d´água voltaram a funcionar. Voltaram os cisnes e a vida foi retomando o seu curso.

Tal como o conselho municipal da pequena cidade, muitos de nós não consideramos determinados servidores.
Aqueles que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas. Que os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos. Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, conduza o autocarro, abra os portões da empresa.
Servidores anónimos. Quase sempre passamos por eles sem vê-los. Mas, sem o seu trabalho, o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável.

Moral da história: O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável. Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá. Dependemos uns dos outros. Para viver, para trabalhar, para sermos felizes!

Mata da Margaraça

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As Duas Sombras

"Na encruzilhada silenciosa do Destino, quando as estrelas se multiplicaram, duas sombras errantes se encontraram.
A primeira falou:
- Nasci de um beijo de luz, Sou força, vida, alma e esplendor... Trago em mim toda a sede do desejo, toda a ânsia do Universo. Eu sou o Amor! Sou delírio, loucura... E tu, quem és?
A Segunda respondeu:
- Eu nasci de uma lágrima. Sou flama do teu incêndio que devora. Vivo dos olhos tristes de quem ama, para os olhos nevuentos de quem chora. Dizem que vim ao mundo para ser boa,
para dar do meu sangue a quem queira. Sou a Saudade, a tua companheira, que punge que consola e que perdoa...
Na encruzilhada silenciosa do Destino, as duas sombras comovidas se abraçaram.
E, desde então, nunca mais se separaram..."

Mata da Margaraça - Serra do Açor

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Lenda de São Martinho

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Lenda de São Martinho

Martinho nasceu entre o ano de 315 e 317 em Sabaria, no território da actual Hungria. Era filho de um soldado do exército romano e, como era tradição, acabou por seguir a profissão do pai, tendo entrado para o exército com apenas 15 anos de idade.
Apesar de professar a religião dos seus antepassados, adorando os deuses que faziam parte da mitologia romana, o jovem Martinho não era sensível à religião pregada três séculos antes por um homem bom de Nazaré. Um dia aconteceu um facto que o marcou para toda a sua vida:
Numa noite fria e chuvosa de Inverno, às portas de uma localidade de França chamada Amiens, talvez no ano de 338, Martinho ia a cavalo quando viu um homem quase sem roupa no corpo, com um ar miserável, que lhe pediu uma esmola. Como Martinho não levava consigo qualquer moeda, cortou a sua capa ao meio e, num gesto de ternura, entregou metade ao mendigo para que este se pudesse agasalhar.
Reza a lenda que o mendigo seria o próprio Jesus e que, depois de ter recebido metade da capa de São Martinho, a chuva parou imediatamente e os raios de sol começaram a aparecer por entre as nuvens.
A partir desse dia Martinho sentiu-se um homem novo, tendo sido baptizado provavelmente na Páscoa do ano de 339. Como, oficialmente, só podia abandonar o exército com a idade de 40 anos, Martinho optou por se exilar para, desta forma, se afastar da vida militar.
Com o tempo as suas pregações e o seu exemplo de despojamento e simplicidade fizeram dele um homem considerado Santo e muitos homens seguiram-no, optando pela vida monástica.
No ano de 357 Martinho foi dispensado oficialmente do exército e, em 371, aclamado bispo de Tours. Faleceu em Candes no dia 8 de Novembro de 397 e o seu corpo foi acompanhado por mais de dois mil monges e muitos homens e mulheres devotos, tendo chegado à cidade de Tours no dia 11 de Novembro.
O seu culto começou logo após a sua morte e, hoje em dia, um pouco por toda a Europa, os festejos em honra de São Martinho estão relacionados com o cultivo da terra, previsões do ano agrícola, festas e canções desejando abundância e, nos países vinícolas do Sul da Europa, com o vinho novo e a água pé.
O São Martinho é festejado não só em Portugal, mas também na Galiza e nas Astúrias, em Espanha. Antigamente, nos tempos dos nossos avós, eram frequentes os "Magustos". Grandes fogueiras ao ar livre, no campo, reuniam amigos e familiares que cantavam e dançavam enquanto as castanhas estalavam no lume. O vinho novo, jeropiga ou água-pé acompanhavam as castanhas assadas, pois, como diz o ditado popular "no dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho". Os vendedores de castanhas assadas são um dos símbolos de São Martinho. É nesta época do ano em que, evocando a lenda do Santo, o tempo sempre melhora, período ao qual o povo chama "Verão de São Martinho".


Barrigueiro - Arganil - Serra do Açor

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A pastorinha morreu, todos estão a chorar. Ninguém a conhecia e todos estão a chorar.

A pastorinha morreu, morreu de seus amores. Á beira do rio nasceu uma árvore e os braços da árvore abriram-se em cruz.

As suas mãos compridas já não acenam de além. Morreu a pastorinha e levou as mãos compridas.

Os seus olhos a rirem já não troçam de ninguém. Morreu a pastorinha e os seus olhos a rirem.

Morreu a pastorinha, está sem guia o rebanho. E o rebanho sem guia é o enterro da pastorinha.

Onde estão os seus amores? Há prendas para Lhe dar. Ninguém sabe se é Ele e há prendas para Lhe dar.

Na outra margem do rio deu á praia uma santa que vinha das bandas do mar. Vestida de pastora p'ra se não fazer notar. De dia era uma santa, à noite era o luar.

A pastorinha em vida era uma linda pastorinha; a pastorinha morta é a Senhora dos Milagres.

Canção de José Sobral de Almada Negreiros

Hoje dia de S. Simão (seu padroeiro) em Sorgaçosa-Pomares-Arganil

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No dia de S. Simão, quem não faz magusto não é bom cristão.
 Por S. Simão semear sim, navegar não.
 Por S. Simão, favas na mão. 

Estes provérbios populares reflectem a actividade agrícola outonal: a sementeira da fava, a colheita da castanha e os magustos realizados, segundo a tradição, em algumas vilas e aldeias de Portugal.

A esta ruralidade associa-se a parte espiritual e religiosa. Por isso, neste dia (28 de outubro),comemora-se o dia em honra de São Simão havendo uma pequena festa para marcar ao indelével esta comunidade rural. Este acontecimento festivo repete-se, ano a ano, e manifesta a fé inabalável da população da Sorgaçosa ao seu Santo Padroeiro e à Igreja Católica.
Arreigada na alma dos Sorgaçosenses, esta festa tem um sentimento acentuadamente religioso e a sua origem secular perde-se na bruma dos tempos. Mantém a sua origem na tradição rural, nos usos e costumes, ou seja na singela riqueza popular de características históricas, culturais e sociais próprias.
De acordo com vários historiadores (entre outros, o Pe. José Boscolo) e em texto que adaptei: o nome de S. Simão figura em décimo primeiro lugar na lista dos Apóstolos. Nasceu em Canaã, na Galileia, em Israel e tinha o denominativo de «Zelotes. Faleceu martirizado, na Pérsia, em defesa dos fracos e oprimidos e, principalmente daqueles que têm fome e sede de justiça.
O Evangelho segundo S. Lucas (Lc 6:15) refere que este Apóstolo conserva o nome derivado de Simeão e significa o Ouvido de Deus.
Simão terá resolvido seguir Jesus por ver Nele:
 1º.) O líder perfeito para os zelotes;
 2º.) Por ouvir a pregação inflamada e arrebatadora do profeta de Nazaré;
 3.º) Por entender que o Messias irá libertar Israel de Roma.
Simão e Mateus tinham comportamentos sociais e políticos distintos: Simão, o zelote, queria a queda de Roma; Mateus, o publicano, trabalhava de mãos dadas com o governo romano. Simão detestava o imposto; Mateus recebia-o. Simão era um Judeu patriota; Mateus era tido como o "traidor da pátria.
Simão e Jesus tinham igualmente pensamentos e actuações diferentes: Simão queria uma luta política; Jesus longe de pensar em golpe militar dizia: "Dai a César o que é de César" (Mt 22:21). Simão queria que o Reino de Israel fosse restaurado imediatamente; Jesus dizia que o processo era demorado, que levaria muito tempo "semelhante ao fermento na farinha até levedar" (Mt 13:33). Simão confiava na espada; Jesus afirmava que "todos que lançarem mão da espada morrerão" (Mt26:52).
Simão era zeloso com o que fazia e queria, homem fervoroso, sanguíneo e ardente, tinha um amor intenso pela causa, um homem no encalço de seus objectivos. Jesus chamou-o, porque queria este zelo ardente em seu grupo, e transformá-lo-ia num "revolucionário" espiritual, num discípulo labareda de fogo!



                                            Festejando este ano em Agosto, mês em que todos
                                            os Sorgaçosenses se reúnem na sua aldeia natal.


A lenda do Rio Alva

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A lenda do rio Alva

A localidade de Pombeiro da Beira tem na sua história uma disputa entre três rios, o Mondego, o Alva e o Zêzere, todos nascidos na Serra da Estrela. Estes três rios envolveram-se um dia numa grande discussão sobre quem seria o mais valente e acertaram numa corrida que esclareceria a questão: quem chegasse primeiro ao mar seria o vencedor.
O Mondego levantou-se cedo e começou a deslizar silenciosamente para não atrair as atenções. Passou pela Guarda e pelas regiões de Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas de Senhorim e pela Raiva, onde se fortaleceu junto dos ribeiros seus primos, chegando por fim a Coimbra.
O Zêzere, que estava atento, saiu ao mesmo tempo que o seu irmão. Oculto, por entre os penhascos, foi direito a Manteigas, passou a Guarda e o Fundão, mas logo depois se desnorteou e, cansado, veio a perder-se nas águas do Tejo.
O Alva passou a noite a contar as estrelas, perdido em divagações de sonhador e poeta. Quando acordou, era já muito tarde mas ainda a tempo de avistar os seus irmãos ao longe.
Tempestuoso, rompeu montes e rochedos, atravessou penhascos e vales, mas quando pensava que tinha vencido deparou com o Mondego, no momento que este já adiantado chegava ao mar. O Alva ainda tentou expulsar o seu irmão do leito, debatendo-se com fúria e espumando de raiva, mas o Mondego engoliu-o com o seu ar altivo e irónico.
Este lugar onde os dois rios lutaram ficou para sempre conhecido como Raiva, em memória da contenda entre os dois irmãos.


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