História e lenda da aldeia Soito da Ruiva - Serra do Açor


Entre a Serra da Estrela e da Lousã, a uma altitude de 700 metros, podemos visitar a Aldeia de Soito da Ruiva. Localizada na Serra do Açor, esta aldeia pertence à freguesia de Pomares, concelho de Arganil, distrito de Coimbra.

A origem do nome da aldeia está relacionada com a história de uma família e dos seus castanheiros. Conta-se que “os seus donos tinham uma f
ilha de cabelo ruivo com quem todos simpatizavam e quando iam apanhar as castanhas para o magusto, diziam que iam às castanhas ao Soito da Ruiva“.
Esta aldeia, originalmente com construções marcadamente de xisto, lousa e madeira, apresenta ainda hoje uma disposição e organização espacial característica das povoações de montanha, abrigada dos ventos e marcada por ruas estreitas.
Alguns dos termos usados caracteristicamente nesta localidade são aqui recordados, a par de algumas tradições, usos, costumes e festividades.
Também as iniciativas e actividades comunitárias são aqui recordadas, como a insatisfação dos habitantes com as vias de comunicação que, em 1920, se reuniram e construíram um novo caminho de ligação à freguesia, a “estrada”, sendo assim facilitado o transporte das mercadorias.
Em tempos nesta aldeia, que conta agora com apenas 19 habitantes, viviam cerca de 300 pessoas, divididos por cerca de 70 casas com famílias de 6 ou 7 pessoas.
A escola da aldeia actualmente sem nenhum aluno, apenas é construída em 1958. Até então as crianças de Soito da Ruiva tinham que se deslocar a pé para Sobral Magro, num percurso de cerca de meia hora.
Enquanto não houve escola apenas dois ou três homens que sabiam ler e escrever ensinavam as crianças.
As crianças quando atingiam os oito ou nove anos de idade iam guardar o gado. Outros, com essa idade, “iam «servir» para as casas dos lavradores mais abastados da região que possuíam grandes quintas e rebanhos de gado“. Com 15 ou 16 anos alguns migravam para Lisboa, na procura de um ofício, seguindo as pisadas dos seus pais.
“Sem estrada, sem energia eléctrica e sem telefone, o único contacto com o exterior era o correio que chegava e partia três dias por semana“. A Mercearia da aldeia, onde actualmente está a Sede da Comissão de Melhoramentos, era o ponto de encontro e o local de procura de notícias, era aqui que era feito o envio e a distribuição da correspondência.
A principal actividade e meio de subsistência de Soito da Ruiva era a agricultura, as culturas principais eram o milho, a batata, também produziam azeite e vinho. A pastorícia de caprinos e ovinos era uma das actividades principais, fornecendo-lhes a matéria-prima para fazerem o queijo. Este era o alimento mais produzido nesta aldeia como complemento e fonte de rendimento. As mulheres agrupavam-se e percorriam um caminho de 5 horas, com os cestos à cabeça, até às Minas da Panasqueira para vender a lã e os queijos, regressando a casa já de noite.
Perto de casa criavam coelhos e galinhas. Os ovos eram guardados nas arcas do milho para fazerem tigelada e pão-de-ló nas alturas festivas.
Criavam porcos, que compravam na Primavera, para matarem no final do ano, ficando com uma reserva de carne nas salgadeiras e enchidos no fumeiro. Por vezes vendiam os presuntos e alguns enchidos para arranjarem dinheiro para comprar o porco do ano seguinte.
A alimentação baseava-se principalmente em seis alimentos: feijão, castanhas piladas, sopa com abóbora, carolo, carne e enchidos salgados e fumados.
As estações do ano eram muito importantes, pois condicionavam os trabalhos agrícolas, e consequentemente a vivência em sociedade.
«Aldeias de Memória»

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