mai
19
2012
Foz d´Égua - freguesia do Piodão - concelho de Arganil
Publicado por
Rica e Bela Serra do Açor
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Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
(1894-1930)
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
(1894-1930)
mai
12
2012
Assim era a festa em honra do santo padroeiro " São Domingos " na aldeia dos meus Avôs- Sobral Magro
Publicado por
Rica e Bela Serra do Açor
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Dei
um salto na cama. O som duma descarga de 21 morteiros ecoava no ar e
acordou-me em sobressalto. Era a alvorada que anunciava a festa.
Corri para a cozinha, engoli a malga de café quentinho, comi um coscorel
feito na véspera e voltei para o quarto, onde o vestido novo me
aguardava pendurado nas grades da cama de ferro. Naquele dia deixei
que a mãe me penteasse e me fizesse aqueles lindos canudos, sem
refilar. Penso até que nem senti os arrepelões que me deixavam
impaciente, nos momentos em que me penteavam.
Enquanto isso, ouvi
a banda que chegara ao largo da Barroca. Da varanda, vi os músicos a
serem distribuídos pelos mordomos e pelos outros homens da povoação,
seguindo depois para suas casas, onde iriam saborear a primeira refeição
do dia.
Já pronta, segui para a Capela
onde se dava início à parte religiosa da festa fazendo a Recolha dos
Andores, que se encontravam com o respectivo "santo", em casa das
mordomas onde tinham sido primorosamente enfeitados.
As janelas e
varandas estavam enfeitadas com bonitas colchas e na Sacristia da
Capela, as capas e faixas da Cruzada eram distribuídas pela criançada. O
adro estava repleto de pessoas. Muitas delas eram de aldeias vizinhas
que vinham retribuir a presença dos naturais da minha aldeia nas suas
festas.
Com as outras crianças assisti à longa Missa Cantada,
celebrada por três padres, em latim. Sem perceber absolutamente nada
colaborámos conforme pudémos, mas sempre certinhas para não deixar
ficar mal vistas a Ida e a Belmira, as nossas catequistas.
Depois
veio a Procissão. Eu adorava aquela parte da festa religiosa.
Lembrava-me de ver as raparigas, que se juntavam à porta de casa da
minha avó, a cortarem em quadradinhos muito pequeninos as cartas dos
familiares, para deitarem das janelas de casa sobre os andores e sobre
as pessoas que passavam. E eu, gaiata viva e irrequieta, lá ia muito
feliz com a capa da Cruzada que orgulhosamente envergava. Quando os
papelinhos esvoaçavam sobre a minha cabeça, tentava-os apanhar ,
pensando talvez, conseguir descobrir as mensagens escritas nas cartas
que lhes deram origem.
Algumas senhoras transportavam fogaças à
cabeça. Os tabuleiros iam repletos de iguarias e deles exalava um
cheirinho a coelho, frango ou cabrito assados, que durante a longa
Procissão me abriam o apetite para a grande refeição do dia.
No
final, as fogaças foram leiloadas. Algumas foram rematadas por
forasteiros para lhes servir de refeição e os preparar para a parte
pagã da festa.
Corri para a cozinha, engoli a malga de café quentinho, comi um coscorel feito na véspera e voltei para o quarto, onde o vestido novo me aguardava pendurado nas grades da cama de ferro. Naquele dia deixei que a mãe me penteasse e me fizesse aqueles lindos canudos, sem refilar. Penso até que nem senti os arrepelões que me deixavam impaciente, nos momentos em que me penteavam.
Enquanto isso, ouvi a banda que chegara ao largo da Barroca. Da varanda, vi os músicos a serem distribuídos pelos mordomos e pelos outros homens da povoação, seguindo depois para suas casas, onde iriam saborear a primeira refeição do dia.
Já pronta, segui para a Capela onde se dava início à parte religiosa da festa fazendo a Recolha dos Andores, que se encontravam com o respectivo "santo", em casa das mordomas onde tinham sido primorosamente enfeitados.
As janelas e varandas estavam enfeitadas com bonitas colchas e na Sacristia da Capela, as capas e faixas da Cruzada eram distribuídas pela criançada. O adro estava repleto de pessoas. Muitas delas eram de aldeias vizinhas que vinham retribuir a presença dos naturais da minha aldeia nas suas festas.
Com as outras crianças assisti à longa Missa Cantada, celebrada por três padres, em latim. Sem perceber absolutamente nada colaborámos conforme pudémos, mas sempre certinhas para não deixar ficar mal vistas a Ida e a Belmira, as nossas catequistas.
Depois veio a Procissão. Eu adorava aquela parte da festa religiosa. Lembrava-me de ver as raparigas, que se juntavam à porta de casa da minha avó, a cortarem em quadradinhos muito pequeninos as cartas dos familiares, para deitarem das janelas de casa sobre os andores e sobre as pessoas que passavam. E eu, gaiata viva e irrequieta, lá ia muito feliz com a capa da Cruzada que orgulhosamente envergava. Quando os papelinhos esvoaçavam sobre a minha cabeça, tentava-os apanhar , pensando talvez, conseguir descobrir as mensagens escritas nas cartas que lhes deram origem.
Algumas senhoras transportavam fogaças à cabeça. Os tabuleiros iam repletos de iguarias e deles exalava um cheirinho a coelho, frango ou cabrito assados, que durante a longa Procissão me abriam o apetite para a grande refeição do dia.
No final, as fogaças foram leiloadas. Algumas foram rematadas por forasteiros para lhes servir de refeição e os preparar para a parte pagã da festa.
mai
02
2012
Corria o ano de 1187. No dia 1 de Maio, D. Sancho I concedeu Foral à vila de Avô à qual pertenciam as terras de grande parte da serra do Açor.
mai
01
2012
Aldeia das Dez
Publicado por
Rica e Bela Serra do Açor
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Lenda da Aldeia das Dez
A lenda da Aldeia das Dez tem origem na Reconquista da península Ibérica e está ligada à designação atual da aldeia. Segundo a lenda, durante a Reconquista cristã dez mulheres terão encontrado um tesouro numa caverna situada na encosta do Monte do Colcurinho. De acordo com a tradição oral e alguns documentos que sobreviveram, esse tesouro possuía um valor que ultrapassa o material. Estas mulheres ter-se-ão apercebido da sua importância e, num pacto que persiste até hoje, terão separado entre elas as peças que o compunham e passando-as de geração em geração - mantendo até hoje por desvendar o segredo que encerram. Da composição deste segredo pouco se sabe com exatidão.
Quanto ao tesouro, crê-se que dele façam parte moedas Antonini com inscrições cifradas - sendo que uma destas encontrar-se-á cravada na moldura de um quadro que narra esta lenda. Deste quadro pouco mais se sabe, além de ter ressurgido em meados do século XX num antiquário de Oliveira do Hospital, para novamente desaparecer. Terá sido pintado por uma das descendentes das dez mulheres e crê-se que retratando a lenda poderá oferecer uma chave para o seu segredo.
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