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    SERRA DO AÇOR MINHA MUSA


      Minha musa é a montanha
      nela reina a paz e harmonia
      brilha o Sol que a entranha...
      desce do Céu azul a poesia…

      Castanha cinza esverdeada
      tens a cor dos olhos meus
      és minha musa encantada
      te elevas e recortas os céus…

      Penhascos pinhais ou floresta
      tu tens sempre vida e cor
      toda a natureza vive em festa
      E os pássaros cantam de cor…

      Serra do Açor meu encanto
      sagrada e secreta musa
      perde-se a vista em espanto
      és pérola da gente lusa…

      Os teus filhos são os montes
      tuas filhas formosas aldeias
      nascem em ti rios nas fontes
      corre-te este sangue nas veias…

      Montes de bem aventuranças
      em pobres solos abençoados
      onde se semeiam esperanças
      saudades afetos amor abraçados!


      Maria Otília Henriques 
      (reservados todos os direitos de autor)
      21 Março 2014

Ribeira do Piódão - antes das enxurradas e do Incêndio - Arganil - Coimbra

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24 de dezembro de 2012

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Fonte de Santo António - Sorgaçosa

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O ZELADOR DA FONTE


Conta uma lenda austríaca que em determinado povoado havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo conselho municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade.

O cavalheiro, com silenciosa regularidade, inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca. Ninguém lhe observava as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos.

Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina. Rodas de água de várias empresas da região começaram a girar dia e noite. As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária.

Os anos foram passando. Um dia, o conselho da cidade reuniu-se, como fazia semestralmente. Um dos membros do conselho resolveu inspecionar o orçamento e colocou os olhos no salário pago ao zelador da fonte. De imediato, alertou os demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade. E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma. Seu discurso a todos convenceu. O conselho municipal dispensou o trabalho do zelador.

Nas semanas seguintes, nada de novo. Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas. Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes.

Uma tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte. Dois dias depois, a água estava escura. Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens. O mau cheiro começou a ser exalado. Os cisnes emigraram para outras bandas. As rodas d´água começaram a girar lentamente, depois pararam. Os turistas abandonaram o local. A enfermidade chegou ao povoado.
O conselho municipal tornou a reunir-se, em sessão extraordinária e reconheceu o erro grosseiro cometido. Imediatamente, tratou novamente de contratar o zelador da fonte. Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear. As rodas d´água voltaram a funcionar. Voltaram os cisnes e a vida foi retomando o seu curso.

Tal como o conselho municipal da pequena cidade, muitos de nós não consideramos determinados servidores.
Aqueles que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas. Que os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos. Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, conduza o autocarro, abra os portões da empresa.
Servidores anónimos. Quase sempre passamos por eles sem vê-los. Mas, sem o seu trabalho, o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável.

Moral da história: O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável. Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá. Dependemos uns dos outros. Para viver, para trabalhar, para sermos felizes!

Mata da Margaraça

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As Duas Sombras

"Na encruzilhada silenciosa do Destino, quando as estrelas se multiplicaram, duas sombras errantes se encontraram.
A primeira falou:
- Nasci de um beijo de luz, Sou força, vida, alma e esplendor... Trago em mim toda a sede do desejo, toda a ânsia do Universo. Eu sou o Amor! Sou delírio, loucura... E tu, quem és?
A Segunda respondeu:
- Eu nasci de uma lágrima. Sou flama do teu incêndio que devora. Vivo dos olhos tristes de quem ama, para os olhos nevuentos de quem chora. Dizem que vim ao mundo para ser boa,
para dar do meu sangue a quem queira. Sou a Saudade, a tua companheira, que punge que consola e que perdoa...
Na encruzilhada silenciosa do Destino, as duas sombras comovidas se abraçaram.
E, desde então, nunca mais se separaram..."

Mata da Margaraça - Serra do Açor

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Lenda de São Martinho

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Lenda de São Martinho

Martinho nasceu entre o ano de 315 e 317 em Sabaria, no território da actual Hungria. Era filho de um soldado do exército romano e, como era tradição, acabou por seguir a profissão do pai, tendo entrado para o exército com apenas 15 anos de idade.
Apesar de professar a religião dos seus antepassados, adorando os deuses que faziam parte da mitologia romana, o jovem Martinho não era sensível à religião pregada três séculos antes por um homem bom de Nazaré. Um dia aconteceu um facto que o marcou para toda a sua vida:
Numa noite fria e chuvosa de Inverno, às portas de uma localidade de França chamada Amiens, talvez no ano de 338, Martinho ia a cavalo quando viu um homem quase sem roupa no corpo, com um ar miserável, que lhe pediu uma esmola. Como Martinho não levava consigo qualquer moeda, cortou a sua capa ao meio e, num gesto de ternura, entregou metade ao mendigo para que este se pudesse agasalhar.
Reza a lenda que o mendigo seria o próprio Jesus e que, depois de ter recebido metade da capa de São Martinho, a chuva parou imediatamente e os raios de sol começaram a aparecer por entre as nuvens.
A partir desse dia Martinho sentiu-se um homem novo, tendo sido baptizado provavelmente na Páscoa do ano de 339. Como, oficialmente, só podia abandonar o exército com a idade de 40 anos, Martinho optou por se exilar para, desta forma, se afastar da vida militar.
Com o tempo as suas pregações e o seu exemplo de despojamento e simplicidade fizeram dele um homem considerado Santo e muitos homens seguiram-no, optando pela vida monástica.
No ano de 357 Martinho foi dispensado oficialmente do exército e, em 371, aclamado bispo de Tours. Faleceu em Candes no dia 8 de Novembro de 397 e o seu corpo foi acompanhado por mais de dois mil monges e muitos homens e mulheres devotos, tendo chegado à cidade de Tours no dia 11 de Novembro.
O seu culto começou logo após a sua morte e, hoje em dia, um pouco por toda a Europa, os festejos em honra de São Martinho estão relacionados com o cultivo da terra, previsões do ano agrícola, festas e canções desejando abundância e, nos países vinícolas do Sul da Europa, com o vinho novo e a água pé.
O São Martinho é festejado não só em Portugal, mas também na Galiza e nas Astúrias, em Espanha. Antigamente, nos tempos dos nossos avós, eram frequentes os "Magustos". Grandes fogueiras ao ar livre, no campo, reuniam amigos e familiares que cantavam e dançavam enquanto as castanhas estalavam no lume. O vinho novo, jeropiga ou água-pé acompanhavam as castanhas assadas, pois, como diz o ditado popular "no dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho". Os vendedores de castanhas assadas são um dos símbolos de São Martinho. É nesta época do ano em que, evocando a lenda do Santo, o tempo sempre melhora, período ao qual o povo chama "Verão de São Martinho".


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